quarta-feira, 15 de maio de 2013

Projeto Poesia




      Este projeto foi sugerido na O.T. do dia 28/03/2013 pelas P.C.N.P. Adriana e Maria Emília. Elas sugeriram estudos de Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Moraes. Estudaremos os dois, porém outros mais.
      Será desenvolvido pelas professoras Erica (eu), Maria de Fátima (Língua Portuguesa) com os 9ºs anos B e C, e professora Regina (Língua Portuguesa) com todos os 1ºs anos.


O objetivo de se trabalhar a poesia é o de estimular a oralidade, a criatividade e a reflexão a respeito de fatos da vida de cada aluno. E através desse contato estimular a escrita de poesias, recitais e atividades pedagógicas que proporcionem conhecimento e descobertas a cerca do gênero.

Algumas das poesias preparadas para os alunos no data Show:

JOSÉ – Carlos Drummond de Andrade

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, pra onde?


       Escrito durante a Segunda Guerra Mundial e da ditadura de Vargas, José, apesar da dureza, ainda tem o impulso de continuar seguindo. Mesmo sem saber para onde: “...Você marcha, José! / José, para onde?







(Vídeo declamado na voz de Drummond e a seguir cantado por Paulo Diniz)

Congresso Internacional do Medo
Carlos Drummond de Andrade

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

(Vídeo do poema declamada na voz de Igor Moretti)

Rosa de Hiroshima

Vinicius de Moraes

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada
Vídeo interpretado por Ney Matogrosso)
Eu não existo sem você - Vinicius de Moraes
Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor, não tenha medo de sofrer
Pois todos os caminhos me encaminham prá você
Assim como o oceano só é belo com o luar
Assim como a canção só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem só acontece se chover
Assim como o poeta só é grande se sofrer
Assim como viver sem ter amor não é viver
Não há você sem mim, eu não existo sem você
(Voz de Maria Bethania)

Fanatismo
Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

Tudo no mundo é frágil, tudo passa...
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."



( Interpretação musical de Fagner e Zeca Baleiro)

Canteiros - Cecília Meireles 
Quando penso em você fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa, menos a felicidade
Correm os meus dedos longos em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego já me traz contentamento
Pode ser até manhã, cedo claro feito dia
mas nada do que me dizem me faz sentir alegria
Eu só queria ter no mato um gosto de framboesa
Para correr entre os canteiros e esconder minha tristeza
Que eu ainda sou bem moço para tanta tristeza
E deixemos de coisa, cuidemos da vida,
Pois se não chega a morte ou coisa parecida
E nos arrasta moço, sem ter visto a vida.
(Interpretação musical de Fagner)

Soneto XIII
Olavo Bilac

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: " Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: Amei para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".

(Interpretação musical de Paula Toller - Kid Abelha)

 A Bailarina - Cecília Meireles
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.
Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá.
—–
Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.
—-
Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
—-
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.
—-
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
—-
Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.
(na voz do grande ator brasileiro Paulo Autran)

Assistindo a apresentação das poesias no data – show












PRODUZINDO POESIAS





Declamação de poesias














Continuação feita pelos alunos para o poema José - Carlos Drummond de Andrade


No meio do nada,
andando sem destino, 
se você pisasse numa mina, 
nem analgésico ao menos teria!
E agora José?

A própria dor existente, 
o aliviaria,
pronto está ali inerte,
mergulhado no seu próprio desespero,
vendo o mundo ao redor repleto de medo.
E agora José?

Alunas(os): Bruna Tirolla, Ingrid Santos, Isabelle Benegas, Lucas Rodrigues, Thaís Ribeiro (1ºA)

E agora José? Aonde vai?
Pois vive sem caminho
Você nesta nação
Guerreando com fé e coração.

Quanto mais tardar.
Iremos despertar
E assim lutaremos
E venceremos.

Alunas: Raquel Barbosa, Samara Vilanova (1ºA)

E agora, José?
Sem amor
Sem carinho
Vive de ignorância
Vive sem destino

Mesmo sem saber para onde
Você marcha, José
Sozinho no deserto
Sozinho no escuro
Cheio de tristeza, 
mas você não desiste, você é duro
José

Aluna: Karolyne de Sousa Martins (1ºA)

E agora José?
Não tem amor
Não tem vida
Sente falta do que nunca teve
E agora?

Vive no silêncio
Em seu coração vazio
Em um mundo paralelo
Onde nada mais faz sentido
E agora, José?

Alunos(as): Airine Morena, Leonardo de Almeida
Luiz Augusto, Thaisa Cristina Ribeiro (1ºA)


Poesias feitas pelos alunos

Preconceito

Nas calçadas ou nas ruas
em todos os lugares
você enxerga o preconceito
voando pelos ares.

Falta de respeito
às vezes é preconceito
Alguns preferem morrer
Ao ver o homem negro vencer.

Alunos: Wesley Nunes, Victor Luiz, Jefferson Luiz de 
Arruda (1ºA)


Amor sem noção

Prisioneiro do sentimento
escravo da palavra
Sinto seu amor 
dentro da alma

Um sentimento
duas pessoas
indecisão
e emoção

Prisioneiro do sentimento
escravo da palavra
sinto seu amor
dentro da alma

Sentimento forte
Coração fraco
Um amor
Recém magoado.

Alunos: Giovani, Anselmo, Jorge Bento, Luigi Carvalho

O céu e as estrelas

Te dou o céu da minha vida
pra você brilhar,
Isso é amor pra cem mil vidas
não vai acabar.

Eu faço tudo o que puder,
Nunca vou te perder.
O meu presente, o meu futuro
Eu entrego a você.

Sabe que eu te amo
Acabei de escrever
Como eu te amo
Você tem que saber.

Deixa em alô
uma pista qualquer
Me manda um beijo
E ainda diz que me quer.

Alunas: Márcia Campos Fiorini, Carollinne Ruiz (1ºA)



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